Epílogo
O sol já tentava preguiçosamente aparecer no horizonte. Alguns raios de luz deixavam o céu meio cinza. Assim como o banco em frente ao estacionamento, próximo à admissão. Fiquei sentado lá esperando o dia acordar, calmamente, olhando o monumento de bronze que mostrava a face do Dr. Climério de Oliveira. Pensei no boato que diz que a Maternidade era assombrada pelo espírito dele. O velhinho acordava e perseguia os internos pela maternidade. De qualquer sorte, se ele viesse assombrar os corredores da maternidade, hoje, com certeza eu o agradeceria. Afinal, graças a maternidade que ele ajudou a erguer, eu construir lembranças que jamais esqueceria.
Já estava quase levantando-me quando a residente apareceu na porta. O rosto inchado de sono.
- O que foi que perdi? Ouvi uns gritos, algo parecido. Estava com tanto sono... Disse ela com a voz ainda rouca.
- Um parto. Um daqueles.
- Pooooxa. Porque ninguém me acordou. Gostaria de ter feito.
- Que pena. Levantei do banco. Peguei no ombro dela. Olhei para ela com um olhar de consolação e com um sorriso querendo escapar pelo canto da boca
– foi o melhor que já fiz.
“Gente, gente, gente englobei a residente”
Adentrei pelo pré-parto e fui até a admissão. A emergência já começava a encher de gestantes. Lá, uma grávida com uma face de dor e uma ficha de atendimento na mão, pronta para ser atendida. Abri a porta da emergência. A Climério não para. Nem nós. Nunca.
- Próxima.
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