Os Marximillianos


Os Marximillianos : O Segredo da Floresta Obscura - Conta a história da sociedade humana que sobreviveu a a terceira guerra mundial e ao holocausto ambiental. Esta sociedade, denominada de Marximillianos, construiu a cidade mais moderna e evoluída que o homem já viu – Marximus. Ela foi Construída no meio da Floresta Amazônica ( agora denominada de Floresta Obscura). Uma cidade cercada por muros gigantes que tanto serve para isola-la do restante do mundo como para protegê-la dos Sulneanos –Moradores da floresta obscura.Um povo dito sem passado, sem inteligência e sem futuro, mas será mesmo? Enfim , O segredo dafloresta obscura é uma historia recheada de mistério, intrigas, mentiras e verdades escondidas.
“Enquanto seu sangue escorre entre seus dedos, a sua visão começa a ficar turva, o ar parece fugir, como se o rio que ele ouvia antes tivesse entrando em seus pulmões. Então seu corpo perde o equilíbrio e Cezar desliza suavemente para o precipício, um vôo direto para os braços da escuridão. “ Agora tudo está perdido” enquanto ele cai segura firme a maleta e chora pois talvez o seu Segredo morra com ele.”


Os Marximillianos - O segredo da Floresta Obscura


Prólogo

JUNHO, |FLORESTA OBSCURA. 21:15 H, ANO 2306

Como um vento rápido o Cientista Cezar Magalhães corta a floresta. Ele corre desesperadamente enquanto tenta se proteger dos galhos das arvores que lhe ferem a face e as mãos. O seu jaleco branco, e sua face idosa já desgastada pelo tempo entra em contraste com a escuridão da floresta
O corpo velho dá sinal de cansaço, a muito tempo ele corre. Então, Instintivamente, ele resolve parar entre as árvores para sondar o ambiente em volta. Um estralo seco de madeira quebrada se faz ouvir “... vozesmuito perto, perto demais!”. César se agarra mais fortemente a uma espécie de maleta que traz a tiracolo, tantos anos como Cientista do Instituo de Segurança e Pesquisa não lhe ensinaram a lidar com situações como estas. Ele decide correr no sentido contrario as vozes, avança alguns metros e ...O breu da noite, de repente, se evapora. O que o cientista Cezar vê é um precipício rochoso descoberto de arvores iluminado pela luz de uma lua minguante . Lá embaixo, a uns quarenta metros, um som caudaloso brota das profundezas “um rio?”. Ele se sente encurralado ’’ a única solução seria voltar”. O seu peito se enche de duvidas e angustia. Cezar abraça a maleta contra o corpo ‘’ o que faço?o que faço? ... Cristo” o pensamento é interrompido por uma dor fina nas costas que se irradia para o pescoço e braços. Ele passa a mão na altura do pulmão e descobre o que temia “ fui alvejado!” . Enquanto seu sangue escorre entre seus dedos, a sua visão começa a ficar turva, o ar parece fugir, como se o rio que ele ouvia antes tivesse entrando em seus pulmões. Então seu corpo perde o equilíbrio e Cezar desliza suavemente para o precipício , um vôo direto para os braços da escuridão. “ Agora tudo está perdido” enquanto ele cai segura firme a maleta e chora pois talvez o seu Segredo morra com ele.

Capítulo 1- Os Marximillianos - O segredo da Floresta Obscura

                                                                                                                              Capítulo 1
Julho, 10:15h. 2306
Um avião  Prata e verde  corta o céu azul 400 metros acima da floresta  Obscura.


Max Roberto  ou ,simplesmente,  Senador Roberto, como gosta de ser chamado,  esboça um sorriso no rosto enquanto olha pele janela da aeronave. “sou um homem de sorte. Tudo ocorreu como planejado”.  O senador   se tornou o   homem mais jovem a ascender a uma cadeira do senado da cidade de  Marximus. Pouco tempo  após receber este título viajou para as fazendas de minérios.  E agora,  dois anos  depois,  ele retornará a sua cidade. “Glorioso!” . Aumentou a produção de  minérios em 35%, e o melhor, quase sem baixas humanas. Além do que, conquistou   o coração de  Debora, sua esposa. Uma mulher lindíssima, cabelos ruivos até os ombros e com olhos  de avelã. E se não bastasse tamanha sorte, Sofia  trazia nos braços um bebê de seis  meses, uma menina que  prometia ser tão linda quanto  à mãe.
-         Vitória meu bebê... olhe seu pai. Nem liga para gente.  Ta vendo como ele é cruel.
-         Ah Debora, como posso esquecer dos meus dois anjinhos?. Ele levanta e dá um beijo na testa da mulher, sentando-se ao seu lado.
-         O que olhava lá fora?. Pergunta Sofia.
-         A floresta obscura. Ela parece tão fazia daqui de cima. A ultima vez  a que monitorei  a mina jurava ter visto uma espécie de animal, Natural. Foi fantástico!
-          Verdade?, nunca vi um animal natural realmente, só aqueles do Zôo de Marximus.  E ele nem são tão reais assim. Diz Sofia com uma voz melancólica.
-          Jura?   Pois vou pedi ao   piloto que reprograme o piloto-automático para descer e  ficar mais próximo à floresta, quem sabe  a gente consegue ver algum.
-          Não Roberto. Os únicos animais que lá  existem você sabe quais são.
-   Ora  Meu amor, os  Sulneanos  são selvagem mas não nos oferece perigo.  Não são pessoas como nós. Faltam-lhes massa encefálica, neocortex . Roberto diz isto batendo o dedo na cabeça.
A aeronave desce uns duzentos metros como ordenado. A família então  se diverte a janela. Em vez em quando,  Debora se  anima pensando ver um animal. Mais logo  a felicidade   se desfaz  “são apenas arvores”.
Meia hora se passara e nem um inseto sequer.
-         Melhor mandar subir a aeronave Roberto. Já cansei não há nada aqui. Diz  Debora desapontada
-         Tudo bem, meu amor, eu só queria te dar algo especial para vê hoje. Espere olhe aquilo. Fala Roberto apontando para uma movimentação dentro da floresta. Seu sorriso se distendeu lado a lado da face. Pareciam grandes  animais afinal. - Não te falei amor, a floresta tem mais mistérios do que...
Um estrondoso barulho seguido de um solavanco na aeronave faz com que Roberto não complete a frase.
 -    O que foi isto? Pergunta   o senador  atônito, sem acreditar no que aconteceu.
      -    Não, sei . suba  o avião Roberto, agora!   
-         Fique aqui. Vou à sala de controle.  Roberto dar alguns passos até o centro de comando da aeronave Vê o seu  segurança  em pé ao lado do piloto, capitão Nobre,  que checava  nervosamente os equipamento do avião. 
–  Capitão o que foi isto?
-         Fomos alvejados, senhor. Responde o  piloto prontamente. - A avaria afetou os comandos, estou   tentando desligar o piloto automático.
Roberto se inclina o corpo e  tenta analisar os equipamentos do avião. Apesar, de nao entender muito sobre o  painel de controle de um avião, a unica coisa que lhe chama atençao é uma luz amarelha que pisca  em meio a uma tela de plasma onde   ritmicamente  aparece:   piloto automático não  respondendo. Além disto,  na tela do   radar  bruscamente pisca  varios pontos  em um verde luminescente.
- O que é isto Capitão?   parece  que ha algo se aproximado  rápido. 
-         O Capitão Nobre  volta-se para o Painel de controle, e ao ver o radar a sua voz soa quase sem querer - Não é possível. Como poderia?
A resposta é imediata.  Outro estrondo  faz a nave balançar mais forte. O Senador Roberto tenta se segurar como pode. Quando a nave novamente se estabiliza  ele    olha  pela janela para ver o que os atingia, seus olhos mal puderam acreditar no que estava vendo. Milhares de pedras incandescentes, enormes, cruzando o céu como fogos de artifício em direção a aeronave.
-         Tire-nos daqui agora ! Agora  CApitão! 
Mas uma série de  explosões se seguiram. Roberto ainda tentou voltar   para  sua esposa e sua filha, mas uma das explosões o fez bater a cabeça na lateral da aeronave e cair  de bruços no corredor. Uma nuvem negra tomou-lhe  primeiramente os olhos   e depois  todo o corpo, mal conseguiu ouvir Paulo dizer que o avião estava em rota de colisão. 

Capítulo 2- Os Marximillianos - O segredo da Floresta Obscura








Capítulo 2

 10 minutos depois

A aeronave está destruída. Os motores silenciam vagarosamente enquanto pequenas manchas de fogo aparecem pela estrutura destruída.”o que aconteceu?” O senador Roberto se levanta com dificuldades . A cabeça esta sangrado e  o ante-braço direito dói tanto que até  parece quebrado.  A cabine está totalmente destruída, uma fumaça fina sobe do painel O capitão Nobre jazia  inerte sob o que sobrou do centro de comando, o corpo esmagado pelos destroços do equipamento- morto.  O segurança sumiu. “ talvez tenha sido arremessado para fora do  avião...Débora?!” um medo intenso cresce    - o medo  da perda. Instintivamente  Roberto   percorre a  aeronave destruída. O avião quase se partiu ao meio. Muitos fios da fuselagem estão soltos. Roberto retira o entulho dos destroços da sua frente  velozmente . Ele torce para que nada  tenha acontecido a sua família.
         - Débora?  Débora!?. O seu chamado não é seguido de resposta. Uma angustia parece lhe  apertar  a garganta  “meu deus, ajude-me” .
         Roberto a encontra presa entre as poltronas do avião. O  seu corpo em forma de concha, como se tivesse protegendo algo.
         -  Débora?...  Roberto  move o corpo de Débora . Fica feliz ao saber que ela ainda está viva. O seu corpo protegia o bebê, que  nem chorava.  A criança  olhava o pai como se não entendesse o que estava acontecendo.
         - Débora? Você esta bem  meu amor?. Roberto viu que as pernas de Débora  estavam quebradas e  presas  as ferragem das poltronas. Seu nariz sangrava e sua respiração era lenta.
         - Roberto? O que aconteceu? 
-         Eu nâo sei bem. Vou te tirar daqui.
Em alguns minutos  e com um pouco de dificuldade Roberto consegui retirar Débora  das ferragens e  traze-la para fora do avião. Ele analisou o local onde o avião  caíra. A aeronave se arrastou por quase 80 metros. Abrindo um  corredor no meio da floresta obscura. 
A floresta tinha este nome – obscura -  por dois fatos  muito simples. Primeiro,  as árvores eram enormes com vários dosséis  que  impedia que a luz penetrasse entre as folhas. Isto tornava a floresta, mesmo  em um dia claro,  em um ambiente hostil, escuro e misterioso. O segundo motivo, é que ela é o lar dos Sulneanos, nome  que se dar a todos os seres humanóides que habitam a floresta.  Para os Marximillianos se em algum momento da historia os Sulneanos foram seres humanos, eles já se  esqueceram disto há muito tempo.
         Roberto, carrega a mulher e o bebê um bons dez metros para longe da aeronave. Roberto tenta visualizar o corpo do segurança, mas a escuridão da floresta  o deixa cego. Ele pensa  em como  sair daquela situação.“ um radio comunicador e uma lanterna ajudariam”. Roberto  encosta Sofia em uma árvore,’’ ela está muito ferida e fraca mais  pelo menos consciente”. Um estalido de  folhas  secas  vindo da floresta o faz virar rapidamente.
-         Quem está ai? Roberto dá  três passos  e força os olhos  na tentativa te ver algo. Um silêncio surdo  se faz. Então ele sente o  toque de uma mão pesada  em seu pescoço. 
-         Senador, sou eu. Temos que sair daqui  rápido. Eu já sondei a área. Não estamos sozinhos.
Os traços do rosto estão apagados pela escuridão , mas Roberto reconhece com facilidade a  voz do seu segurança particular - Paulo.
-pensei que estivesse morto, fico feliz em ver que não. Débora  está ferida, mas o bebê está bem, me ajude com eles vamos pedir um resgate. E como assim `` não estamos sozinhos?´´.
-         Shii!!,  Paulo coloca a mão na boca do senador, e aponta para floresta. A escuridão se move entre os galhos.
-         Prepare-se  para correr senador.  Sussurra Paulo.
Roberto  caminha em direção ao bebê e Débora. O silêncio então é quebrado por um zumbido  de uma flecha que  transfixa  a perna  do Senador  Roberto, desequilibrado-lhe, fazendo-o cair e gritar de dor. Instintivamente  o segurança dispara dardos elétricos contra a escuridão. Quase que imediatamente uma outra flecha lhe transversa a mão  desarmando-o.
-         Paulo , tirem elas daqui, agora! Diz  Roberto apontando para a mulher e a filha.
O segurança retira a flecha,  esquece a dor da mão e corre até Débora .  Paulo vê que ela está muito ferida. – Senhora,  vamos! Preciso tirar vocês daqui agora.
      -  Não Paulo.  Diz  Débora   enquanto   ergue o  bebê. -  Por favor , leve-a...
      - o segurança parece não entender a situação.
Roberto  consegue se arrastar até a  mulher e o segurança. Ele entende a decisão da  mulher. Ela   está muito ferida para tentar fugir.  Roberto  Olha para o segurança e com a cabeça aprova a atitude da mulher . A floresta se torna mais agitada. Ouve-se vozes, gritos.
- corra Paulo , coORRA!
O segurança  pega o bebê e se embrenha na  floresta deixando para trás os dois. Enquanto corre, ele consegue ouvir apenas os gritos do Senador e de sua esposa  -   alguns segundos depois ...o silêncio.

Capítulo 3 - Os Marximillianos - O segredo da Floresta Obscura

Capítulo 3


Agosto, cidade de Marximus, vinte e cinco anos depois.

         “Um rio de águas turvas  se estende entre as casas de palha que estão a uns 5 metros do seu leito...vejo muitas pessoas ali, o ambiente é rústico, indígeno, mas aconchegante. Uma mulher jovem, rosto delicado, com cabelos cor de vinho brinca com uma criança. Comigo?. Eu olho o rosto dela, seu olhar calmo, seu sorriso sincero e  cresce em mim um paz tão grande. Repentinamente, seu semblante muda, sua testa enruga e a mulher  grita algo,  quase  ao mesmo tempo  um   sino toca  Tum -  tum  -  tum . Grandes  árvores parecem   marchar contra as casas de palha...não são apenas arvores comuns,  elas cospem fogo.  Agora uma mulher velha, com o rosto desfigurado pela vida  pega em  minha mão... eu fico sem saber o que fazer. As árvores correm em nossa direção. Por que fazem isto? Elas nos alcançam, jogam a mulher idosa no rio e me seguram firme entre seus grande galhos. As arvores começam  a voar em direção ao sol.  Eu olho para baixo e  vejo a mulher e   o rio....o rio turvo, não...o rio vermelho...vermelho ...verm nããããoooo”.Vitória  Mello  abre os olhos e v~e um quarto escuro iluminado pela luz da lua que transpassa os vidros das  grandes janelas na parede . O seu corpo está suado e suas mãos um pouco tremulas. A agitação da sua voz ativa o sistema de óptico que vai  ascendendo  a luz lentamente para nao ofuscar  a visão. “ foi só um pesadelo”. Vitória  olha o  relógio holográfico em cima do criado mudo, 03:35h da madrugada, Muito cedo.  Ela olha para o espelho ao lado da cama  e  Ve~ a imagem de uma mulher jovem , vinte e  cinco anos, os cabelhos ruivos  ondulados  longos, os traços finos do  rosto, sua pele ainda está úmida, seu rosto inchado da noite,  sou eu. Vitória  vira-se para o teto e percebe que o sono foi embora junto com o pesadelo.   Então, ela  resolve levantar, e ir beber um pouco de água na cozinha. Rapidamente  cruza o corredor e os sensores de calor ascendem as luzes da cozinha automaticamente juntamente com a sua  droide companheira.
-         Bom dia, senhora Vitoria. Acordou cedo hoje. Fala a robô enquanto vitoria pega um copo na prateleira.
-         Oi Meã, não acordei, ainda vou dormir.
-         Os meus sensores mostram alterações  na sua freqüência cardíaca. Outro pesadelo?
-         Não, pior!, o mesmo pesadelo de sempre. Vitória bebe a água e vai para a sala. Meã lhe acompanha.
-         Um psicanalista talvez ajudasse a senhora. 
-         Talvez meã. Eu nem deveria mais me assustar com este sonho.  Já sei todas as partes. Primeiro vem as casas depois as arvores, a mulher o rio... Mas   parece tão...tão real. Vitória  senta no sofá, coloca o copo sobre a estante.  Meã, eu já realizei todas as atividades?
-          Todas, senhora. Incluindo o resumo do artigo para publicação  na Cientific Life,  a captura dos roedores hood e,  inclusive, todos os bio-ensaios   dos próximos  três dias. A senhora alem de uma biotecnologista de sucesso é extremamente rápida e dedicada , não precisa se preocupar .
-         Hum..., mesmo assim conecte com o  professor.  A algo que quero pergunta-lhe.
-         A esta hora senhora? Da ultima vez...
-           Da ultima vez ele disse que estaria ao meu dispor.  - Afinal ele não é o meu Mestre-Marximus? Professor do meu ultimo estagio como graduanda?. Então,  tenho direito de discípula aplicada. Transfira pro quarto, estarei lá.
A robô meã , indignada pelo capricho da jovem, conecta-se com o serviço de rede e espera o retorno da chamada. “seus simples circuitos não conseguem entender o comportamento humano”. 
Vitória  entra no quarto e liga  o projetor holográfico  enquanto olha para a rua  da janela  de seu quarto. Vitória sabe que o  Mestre  está sempre disposto a atender um discípulo. “Além do mais não foi eu  que  inventei as leis de Marximus”  A educação em Maximus é  de prioridade do Estado e ponto principal em uma sociedade baseada   essencialmente na intelectualidade e desenvolvimento cientifico. Um mestre para um grupo de alunos , nunca maior que seis,   a cada estágio de desenvolvimento psíquico. São cerca de 15 mestres até o ultimo grau. O Mestre-Marximus é penúltimo desta escala   para Vitória. “Ao fim desde discipulado  estarei pronta para disputar uma cadeira no senado, como o meu pai  provavelmente gostaria”
            O projetor holográfico sintoniza uma imagem de um  homem careca, magro, de barbas brancas e com os óculos pequenos entre o nariz   olhando-a sonolentamente.
- Vitória... já podia imaginar.  Mocinha, você sabe que horas são? O que a senhorita quer a essa hora da madrugada?
Vitória  sorrir, como se tivesse feito uma peversidadizinha sem querer.  
- Ora professor Paulo Freire,  o que posso dizer é que sou uma  estudante aplicada.

Capítulo 4 - Os Marximillianos - O segredo da Floresta Obscura


Capítulo 4

O Mestre Paulo Freire já há algum tempo se acostumou com os caprichos de  Vitória. Desde que se tornou tutor dela. Há três  anos  vem ouvido da menina as mais diversas perguntas , e dificilmente alguma lhe assustará. Pelo menos não   até  o momento.
- deixa eu vê se entendi bem, minha jovem, você quer saber  o que fazer para poder sair de Marximus? mas porque?
- hummm... bem Professor Freire, sei que  não é simplesmente sair de Marximus. O senhor sabe como  odeio os Sulneanos,  Mas comecei a sentir uma necessidade de... de  conhecer como é a vida deles. Talvez isto me ajude de alguma forma a... aceita-los. Bem, andei pesquisando e  apesar de nossa civilização  ser a mais evoluída que já existiu na face da terra,   temos  pouco conhecimento acumulado   sobre eles. E quem sabe um trabalho de campo pudesse ajudar.   O senhor não  acha?
- bem Vitória...- responde o professor, meio como se não tivesse gostado de ouvir a pergunta, ou mesmo como se não gostasse de discutir o assunto, mas com uma voz de quem já sabia o que fazer – Eu sei que você é uma biotecnologista competente, seus experimentos com regeneração de membros a partir de células totipotentes induzidas são um sucesso, mas sinceramente não vejo como um trabalho desses poderia  ajuda-la, a entender seus próprios conhecimentos. De qualquer sorte, não sei se você se lembra , mas   conversamos outro dia  sobre algo similar a isto. Você se recorda  quando há seis meses fui questionado por alguns alunos  sobre um conhecimento mais aprofundado da floresta obscura? pois, naquela época fizemos  os seminários na  universidade sobre o tema, e me lembro que falamos relativamente sobre os     sulneanos, você se   recorda    disto?     Bem  -  o professor levanta da cadeira, vai até um  computador holográfico e o liga -  Bem , como eu já previa que alguns alunos ficassem mais curiosos sobre os Sulneanos, eu preparei  essa holoapresentação, lógico que a essa altura da madrugada eu não vou apresenta-la toda - o holofilme se inicia e imagens da Floresta Obscura e dos Sulneanos são formados em uma projeção quase real. - veja aqui este é  um suneano típico, como você já sabe, Eles são  humanóides bem verdade,  com pernas, braços e  crânio  próprios dos humanos, o que os diferencia de nos são  basicamente três... quatro coisas: primeiro,   o cabelo que, naturalmente , cresce como  rabo de cavalo apenas na região  occipital. Segundo, as diversas manchas escuras espalhadas pelo corpo. O próprio corpo já possui uma cor meio bronze. Terceiro  - o holograma mostra a imagem  de um sulneano em um  laboratório, deitado em um tipo de celas para animais, desacordado mais aparentemente vivo -   não são seres racionais, os poucos que já capturamos acidentalmente com vida  em nossos campos de minério   mostravam um córtex pouco desenvolvido,  tinham tendências violentas, e emitiam grunhidos indistinguíveis. E quarto -  o holograma muda para uma imagem que permite analisar a genitália dos sulneanos e compara-la com as dos humanos -  pela  investigação da estrutura de cópula e semem, vimos que, apesar de possuírem uma genitália externa e interna bastante parecida com os dos seres humanos,  se por acaso alguns deles cruzassem com um de nós , com certeza não produziriam descendentes, devido a alterações importantes no material genético, nos espermatozóides e óvulos. Além disto, descobriu-se também  que  o DNA deles diferem em torno de 0,5% de nós seres humanos. E se você pesar que nos  macacos, gorilas etc possuem uma diferença de 1%, então este 0,5% parece, para mim, bem significativo . Enfim, isto prova, em ultima análise, que eles são realmente  de outra espécie. - o professor desliga o holofilme.
 Vitória  senta na cama  pega o controle do  projetor,  congela no canto  inferior esquerdo do  monitor a imagem do sulneando preso na  cela, enquanto a imagem do seu professor  ansioso por uma manifestação de Vitória  continua no outro canto do visor.
- É exatamente esse o ponto professor. Sabemos organicamente o que eles são, mas não sabemos sobre  como eles estão organizado. Se vivem nas árvores mesmos ou possuem outro tipo de moradia, se possuem alguma organização social, se são realmente  os monstros que acreditamos ser . É  esse tipo coisa  que eu  gostaria de ter  resposta
- bem minha jovem -  diz o professor com uma voz frustrada por todo o seu esforço não ter sido suficiente para tirar as dúvidas da sua  aluna.-  existem alguns artigos sobre o tema mais eles estão localizados no arquivo do  Instituto  Nacional de Segurança e Pesquisa  e dificilmente, sem um argumente plausível, teremos acesso a eles. Além do mais , uma pesquisa assim, ´´de campo`` requereria  investimento alto, em  equipamentos  e principalmente segurança e tempo. E o retorno talvez não valesse a pena. De  qualquer  sorte, podemos conversar pessoalmente logo mais na universidade  sobre o assunto. Mas já  lhe adianto - o professor se aproximou da tela -  você sabe quais são as regras de Marximus: todos que saem de Marximus, sem uma autorização, reconhecida e assinada pelo presidente, não podem mais  voltar.  Além  disto,  pelo que sabemos, os que já saíram não sobreviveram mais de vinte e quatro  horas para contar alguma historia.  Agora vá dormir. - O professor Freire deu um sorriso como se quisesse acalentar a frustrada aluna  e desligou o monitor.
 Vitória sentou mais próximo da cabeceira da cama puxou o ededron, desligou a luz e se colocou a olhar  a janela do  terceiro andar do seu apartamento. Tudo  lá  fora era calmo, uma  rua sem  movimento, um carro de vigilância vazio,  as luzes acessas dos postes e nenhuma pessoa  circulando na rua. Parecia que somente ela estava ali.  Engraçado, tudo aquilo curiosamente representava exatamente o que ela  sentia: um vazio. Uma angustia. Como se alguma pergunta que ela não sabe qual precisasse de resposta.

Capítulo 5- Os Marximillianos - O segredo da Floresta Obscura

Capítulo 5

Há 50 metros dali, um ser se arrasta-se entre as  paredes e a  penumbra dos apartamento. Ele é baixo, magro, sua pele  cor de bronze parece  misturar-se com as sombras.   E as manchas que  chuviscam o corpo lhe dão uma camuflagem natural. Ele está cansado, ferido na perna esquerda á altura do maléolo, sua respiração está ofegante, há medo nos seus olhos, algo lhe persegue. O ser esgueira-se pelo muro. Ele pensa em atravessar a rua,  olha rapidamente pela fresta da parede.  Há uns 20 metros há  um carro  policial Vazio e sem movimento ao redor. As câmeras  de vigilância nos postes de iluminação parecem desligadas. Do outro lado da rua há um beco, aparentemente sem saída. Mas o ser vê algo que o anima. Um sorriso nasce do ângulo da sua boca.Tenho uma chance. Ele se prepara para atravessar,  seus músculos posteriores da perna irrigam-se de sangue,  sua pupila se dilata, a freqüência cardíaca aumenta  - é agora! Ele corre o mais rápido que pode, atravessa a calçada, a grande rua, a outra calçada  e entra no beco. – consegui!. O ser cor de bronze chega do outro lado, ainda um pouco  ofegante ele  olha ao redor, o beco parece vazio realmente,  ainda está tudo calmo. Nenhum sinal de vida.  .Pronto, agora é só pegar o  sin...e antes que pudesse completar o pensamento   ele  cai no chão  contorcendo-se devido ao choque despejado pelos dardos Elétricos  disparados  pelo Taser    de uma  mulher que  agora  andava em sua direção a passos largos. Logo oito ou nove   homens  se fizeram presentes. Todos eram soldados da Guarda de Proteção da Cidade(GPC). Estavam todos fardados com roupas pretas, capacetes espartanos, escudos e  armas magnéticas.  Somente a mulher possuia detalhes amarelos nos ombros e um capacete com traços espartanos vermelho.
             A mulher encosta no ser e com os pesados coturnos difere dois chutes  na   boca
- Rato imundo- diz ela – como conseguiu entrar aqui heim?!  Fale seu porco!.- Mais dois chutes são diferidos  acertando em cheio os dentes do ser de bronze.
Ele  ainda tonto dos choques    somente consegue emitir grunhidos. Coloca a mão na boca, como se verificasse  se os dentes ainda estão lá. Os  outros soldados o levanta, enquanto a mulher com uma fanta-eletrica  ainda o  golpeia  no estômago. 
- Sabe quem eu sou? Fala a mulher com  a voz baixa, olhando-o fixamente. -  Sou a capitã Safira, chefe da guarda nacional de Marximus. E você, me dirá  como entrou aqui, ou  então, Sulneano, você sairá daqui mais fatiado do que carne muída. Levem-no para a viatura!. Mande religarem as câmeras e verifiquem se  há algum bem-ti-vi  por aí.  A capitã  Safira  sonda os prédios ao redor. Ela vê as janelas fechadas e as luzes apagadas.  A Capitã  olha desconfiada daquela  calmaria. Entra no carro  juntamente  com os seus comandados e o Sulneano.  Logo a rua está vazia novamente.
            Há alguns metros dali, atrás de um vidro fosco da janela do terceiro andar de um apartamento uma jovem  mulher esta chocada com  a cena que viu. Seu coração está acelerado e sua  respiração ofegante. Vitória mal  teve  tempo de entender o  que  tinha acabado de ver quando uma sobra em meio a  escuridão do seu quarto se fez crescer em suas costas.

Capítulo 6- Os Marximillianos - O segredo da Floresta Obscura




Capítulo 6

Vitória sentiu seu coração sair pela boca  foi um susto e tanto. Meã tinha chegado silenciosamente e ela nem percebeu. As cenas que vira na rua a deixou nervosa e os circuitos  de meã  com certeza notará esta  alteração  e certamente  o que ela menos precisava agora é de uma droide questionado-a sobre o que aconteceu.
- senhora, desculpe se a assustei, mas desde que a senhora  acordou eu estou monitorando suas ondas cerebrais e como percebi que a senhora não tinha ainda entrado em onda beta, e posteriormente teve picos de ondas alfa , fiquei  tão preocupada que resolvi   checar o quarto da senhora sem ligar as luzes. Disse a droide enquanto se aproximava da cama, onde Vitória estava.
- tudo bem Meã. Seu eletroencefalograma está funcionando bem.   Estava me preparando para dormir quando comecei a projetar imagens ruins sobre o sonho que tive. Fiquei um pouco tensa mais vou melhorar. Vitória ao mesmo tempo que falava puxava o ededron, insinuando  que iria voltar a dormir
- tem certeza que a senhora não que falar dos seus  sonhos  comigo? 
- tenho.
-Tudo bem. Irei para a sala e entrarei  em stand-by . a senhora gostaria de alguma coisa?
- Vitoria já  imitava muito bem uma pessoa que estivesse com sono, quando algo lhe passou pela cabeça. -  meã , mande uma mensagem   para  Fabricio. Diga  que  as oito horas  quando for para aula passarei na casa dele para pega-lo. Certo? Obrigado meã.
A droide sai do quarto, fecha  a porta lentamente enquanto olha a sua dona dormir, seus olhos brilham quase humanamente. A mensagem será enviada. Mas antes disto,  Meã  liga o telefone, disca uma seqüência enorme de números. O telefone chama duas vezes. Uma gravação eletrônica dá o  sinal. A droide apenas responde lentamente:
- bem-ti-vi.

Capítulo 7- Os Marximillianos - O segredo da Floresta Obscura

Capítulo 7
08:15 h. rua E. coli, próximo a catedral do livro

O  carro vermelho sempre foi uma metáfora. Quando Vitória o viu pela primeira vez sentiu uma sensação estranha, como se o rio vermelho  dos seus sonhos tivesse se  projetado para aquele carro. A primeira sensação que tinha um Q de ruim, logo foi se transformando em um desejo compulsivo de comprá-lo. Era um carro moderno que lembrava uma Ferrari esportiva antiga. Mas só lembrava, porque o automovel tinha  tudo que a industria automotiva de marximus poderia oferecer de melhor. Com   o sistema XMR-y de suspensão,os carros de Marximus há muito não possuem rodas, são suspensos por campos magnéticos embutidos no asfalto. Motor com 1200 cavalos de potencia fazia com que ele fizesse de  zero a 100 em 2 segundo. Em resumo uma maquina para  poucos , mas como o seu pai lhe deixou uma pequena fortuna de herança Vitória não sentiu nenhum remoço em gastar um pouco deste dinheiro em um carro tão bom. Ela ajeitou o longo vestido vermelho,  justo mas composto,  sentou-se  no banco do carro, segurou o volante, poderia  apenas ordenar ao carro que  se dirigisse até ao seu destino, mas preferriu   uma direção semi-automatica. Vitoria apertou o volante de fibra de carbono.  Pisou  o  acelerador  com o   seu  pequeno pé direito  desenhado pelo  sapato escarpano, ouviu o ronco do motor, que rugia como uma fera. Olhou no espelho dianteiro   os seus próprios olhos, estavam serios, esperou que o portão da garagem se abrisse, e a medida que ele lentamente ia mostrando a rua lá fora, ela  pensou em duas coisas: hoje  talvez seja um dia  diferente e –  roncou forte novamente o motor do carro -  eu amo este carro.
                                        
***

            Há cinco minutos atrás,   Vitoria parou o carro para a entrada de um rapaz , magro , cabelo liso, com traços japônico , e uma barbixa estilo Raul Seixas. Apesar de  já esta  acostumado com as mudanças de humor repentino de Vitória ele já estava  incomodado  com o silencio dela. Fora um “bom dia”seco, cortante, mais nenhuma palavraSerá que fiz alguma coisa? Como Vitória não dava  a entender que iria mudar de atitude ele resolveu fazer algo que concerteza sempre a contrariava. Pegou o  acendedor  de fogo do carro, sacou a sua arma  do bolso -  um bastão de palha de ervas errolado em papel de seda fino – deu duas batidinhas com o fundo do bastão no painel do carro, colocou-o na boca    e  quando se preparava para dar o desfeche final, ou seja acende-lo...
- nem  pense em aceder  este cigarro dentro do meu carro. Voce sabe quanto de multa eu posso pagar por isto?! Disse Vitória  olhando para a estrada com uma voz  cortante.
 humm que interessante, ela  fala!.   Ironizou  Fabricio devolvendo o cigarro pro bolso. - Eu só  gostaria de saber  que bicho lhe mordeu, por que  você marcou comigo , já estamos chegando a universidade e você ainda não deu uma palavra. Disse  Fabrício colocando o cigarro no bolso.
Vitória respirou fundo,  soltou o ar dos pulmões, e pediu  ao carro  que entrasse no piloto automatico e   parasse  rente a calçada.  
-  Fabrício vou lhe dar o telefone do meu professor – Vitória pegou  sua agenda eletrônica   e começou  a escrever.  
Fabrício não entendeu a atitude de Vitória, já que o professor dela era o mesmo dele e  ele também tinha o seu telefone. Quando  Vitória terminou, ela deu a agenda   para Fabrício com cautela como se quisesse proteger algo.   Ele leu:
precisamos conversar em um lugar seguro. Aconteceu algo muito estranho. Mas temos  que ter cuidado com as câmeras de vigilância. Onde pode ser?”
Agora Fabrício entendeu porque Vitória estava  cuidadosamente dando a agemda  para ele. Ela queria que tudo fosse sigiloso. Em Marximus tudo é vigiado. Todos os postes de iluminação  tem câmeras.  Todos os carros tambem são vigiados. Eles possuem um sistema de áudio e vídeo que  imitem som e imagem direto  para a central de segurança de Marximus.O único lugar que supostamente não tem vigilância  é dentro de casa, mesmo assim, nos corredores, dos prédios e elevadores,  há câmeras de vigilância.  Além disto, qualquer  atitude suspeita é investigada. Por isto ,  Vitória tinha dito a ele que  iria lhe dar um número de telefone. Esperta.   Com exceção dos próprios apartamentos, Fabricio sabia que havia somente   um único lugar que  se pode ter uma conversa , digamos, mais segura e tranqüila.
-  Obrigado   pela preocupação, mas eu já tinha este número. Hum...Vitória  acho  que antes   da aula do Mestre Paulo Freire poderíamos sair para conversarmos, um pouco sobre nós dois... sobre nossa relação.  o que acha? Fabrício deixou nascer um sorriso cínico.
Vitoria olhou  para Fabrício, entendo o recado e confiando no amigo.
- tudo bem, e para onde vamos?
- para o ZOO
Vitória franziu a testa, como alguém  que não entendeu algo,  ligou o automóvel, pediu ao carro que entrasse na auto estrada, e que  em vez de entrar na rua que daria na  universidade,  continuasse o percurso.  No Monitor do carro apareceu escrito: NOVO DESTINO - ZOO HA 3 km.
Quase que imediatamente, boa parte das câmeras que faziam a segurança  do percurso começaram a piscar  e a focalizar o carro  vermelho.

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