No Divã da Loucura- Capítulo 9 (parte 4)


 
- Abra os olhos, olhe-me.  Ser ignóbil de carne mole!  Ignorar-me não me fará desaparecer. Disse a barata (?!)

Abrir os olhos lutando contra a minha própria vontade. E lá estava Ela. Em pé na ponta do meu nariz, tão desafiadora quanto um cavaleiro com uma espada.

- vo-você está falando?! Isto é impossível. Disse  mentalmente. Minha boca não atendia aos meus comandos e eu  continuava imóvel. Boca e corpo estáticos.

- falando sozinha? Não,  eu estou  ouvido o seu pensamento também, afinal, você está em um estado de paralisia deplorável.

- como sabe que estou  paralisado? Continuei meu dialogo mental.

-ora, isto é evidente. Se tivesse condição de se mover já teria   trucidado o rato que ali na pia desfruta do teu café da manhã e com certeza  não estaria   conversado comigo. No Máximo estaria me procurando  com uma sandália , louco para me  estraçalhar.

-  pode apostar nisto. O rato é nojento, mas...mas você é asquerosa!. Não pense que pelo fato de eu estar achando que você fala,  isto  tornou você  menos asquerosa. Asquerosa somente não:  asquerosa e repugnante.
                                                                                                       
Esperava uma reação de fúria da barata mas surpreendentemente ela riu...

 -    Ra Ra  Ra Ra  Acha-me  esquarosa?  Acha o pobre do rato nojeto? Mas  quem és tu, que  julga assim outras vidas  com tanta  soberba, com tanta  arrogância? Não, não, não  responda, deixa  eu te fazer algumas perguntas. São os ratos que matam outros da sua própria espécie  por motivos torpe ou muitas vezes fúteis? Não, são vocês. São as baratas que aliciam suas próprias crianças para  terem sexo? Não, são vocês. São os vermes que vivem na lama, nas profundezas mais longínquas,  que se divertem em iates super luxuosos mesmo que outras milhões, bilhões   da sua espécie estejam passando fome, vivendo na mais completa miséria? Não meu caro, adivinha, são vocês!.  São vocês que destroem os rios que nadam os peixes e toda forma de vida aquática, são vocês que   acabam com as florestas onde habitam  diversos outros seres vivos. São vocês que estão acabado com  o planeta, com o próprio lugar onde vivem. Ora , ora.... são vocês que estão acabando com si mesmos. Não eu, uma reles barata. Não o rato , nem ninguém.

 - Eu...

- não, não diga nada. Afinal vocês foram feito há imagem e semelhança do criador,  são quase Deuses!. Por que falar com uma simples barata? Um ser tão insignificante...  Agora sabe qual é a minha felicidade? Disse a barata  alisando a própria antena e depois olhando  de forma fulminante para mim.

- não, não sei. Diga qual é a sua felicidade. Disse seco.

-  A minha felicidade é  saber que depois que vocês destruírem tudo, eu estarei ainda aqui.  Devorando os seus corpos moles e podres.  Eu sobrevivo a tudo.  A vocês, as bombas atômicas. A tudo. Agora deixa-me conferir uma coisa que sempre tive curiosidade de saber.
 A barata andou ate a ponta do meu nariz. Sentir um arrepio  crescendo no meu corpo que tomou meu braço e subiu até a minha espinha. Por alguns instante analisou os pelos que saiam das minhas narinas. Então, começou a cravar suas patas em minhas fossas nasais,  o buraco era pequeno mas era estava decida. Senti uma ânsia de vomito subir pelo estômago e parar na garganta. Nem vomitar eu posso.  A desgraçada estava entrando em meu nariz. Suas asas  se entalavam e forçavam sua passagem... Agora meio corpo já tinha conseguido entrar. Uma vontade enorme de espirrar, mas não conseguia me mover. Logo  ela entrou completamente. Sentir algo rasgando  em cima da garganta,   sentir um gosto de inseto na minha língua ...  e em instantes lá  estava ela saindo pela minha boca,  molhada,  pegajosa.  Sacudiu-se como um cachorro. Olhou novamente para mim.  Um olhar frio.

- frustrante. Exatamente como  eu imaginava. Vocês não tem nada na cabeça.  Estão ocos por dentro.  Sinto muito. Tenho pena de você.  A barata agitou as asas.  E saiu voando pela janela.

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