Capítulo 1
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O prelúdio
Um ano antes
Maio, dia 10
Era uma manhã nublada de uma segunda feira. Jacobina estava indo para o Corredor da Vitória. Ele e mais noves recém colegas. Todos tinham acabado de sair de uma reunião com o reitor da Universidade Federal da Bahia. Dentre todas as coisas que foram ditas na reunião, o que Jacobina apenas guardará em sua mente, é que ele agora teria um lar no Corredor da Vitória - Bairro nobre da Cidade de Todos os Santos. Uma casa que proveria as suas necessidades básicas, que permitiria a Jacobina concluir o curso de biologia. Afinal a Residência seria uma casa de sonhos.
Jacobina já estava a meio caminho do Corredor, quando então somente se deu conta que ele e seus colegas seguiam um rapaz de nome Arnoldo Novais. Na verdade todos os chamavam de Arnoldo de Filosofia. Isto porque o dito cujo fazia ciências filosóficas.
Magro, baixo, desenvolvimento raquítico. Típico do subproduto da classe pobre da Bahia. Jacobina não entendia muito bem porque durante a reunião ele se apresentou como Representante Geral da Residência Universitária I . Mas, isso agora não significava muito. Jacobina olhava deslumbrado os prédios do Corredor da Vitória. Todos belíssimos, dignos da ostentação da classe média alta de salvador. Ali, ele pensou, talvez morassem juízes, empresários, médicos...pessoas importantes...e um sorriso lhe veio a face - agora ele moraria ali também.
O corredor da vitória é uma rua longa, inicio da avenida sete de setembro. Talvez fosse chamada de Corredor pelas dezenas de árvores que se dispunham nas calçadas em fila. Dando um clima agradável e opulento àquela rua. As árvores eram centenárias e por isto mesmo grossas, grandiosas. Jacobina não sabia mais elas estavam ali para dizer uma coisa - aqui filho, é lugar de tradição. Mas a despeito de tudo isto jacobina andava feliz. Afinal, em meio a prédios altos e suntuosos ,e com tantos Mercedes e BMW estacionados em suas dependências, a residência que lá se localizava deveria ser ao menos digna da fama da Federal.
Quando o grupo já andava seus bons sete minutos, Arnoldo, diminui o passo. Até então calado, gesticulou para que o grupo passasse para o outro lado da rua. Passou-se alguns ônibus e carros e o grupo atravessou.
- Bem colegas, chegamos a residência! Disse Arnoldo.
Jacobina ficou maravilhado, uma casa amarela. Antiga ,porém, conservada, estilo século XVIII, grandes portas e janelas. A fachada cheia de estatuas com adereços e enigmas. Realmente, tenho que concordar, digna da polpa da UFBA, não podia esperar menos. Por onde entramos?
- Aonde? Perguntou Arnoldo que se caminhava sem nem olhar para trás
- Ora aqui. Esta não é a residência universitária? Replicou Jacobina
- Hah, não, não é mesmo. Está aqui é a residência. Arnoldo falou apontando para o prédio vizinho ao casarão amarelo.
Jacobina mal acreditou. Seus olhos arregalaram, a sua respiração parou momentaneamente. Era um casarão, também antigo, porém em pedaços, cor de nada, uma mistura de rosa com cinza com musgos, representava a face seca e murcha de uma velha a beira da morte. Entre a porta da casa e a rua havia um portão de ferro, preto, mórbido.este portão se ligava a um muro com grades que se harmonizava com a expressão decrépita do casarão. Jacobina abaixou a cabeça e coçou a testa com a mão, fazia sempre isto quando a situação não lhe agradava.
Vamos, falou Aroldo, agora fingindo não ver a cara de desanimo de jacobina. Enquanto o grupo entrava, um rapaz alto, moreno com andar ereto encostou em jacobina. Seu nome era Joaquim Matias.
- Então..., eu percebi que parece que você ficou desanimado.
- jacobina não soube o que responder. Somente o silencio lhe veio à cabeça,
- Nunca esteve na residência? Continuou Matias
- Pra dizer a verdade, não.
- Não se preocupe. Qualquer impressão que você possa ter daqui de fora, será muito melhor do que terá quando estiver lá dentro.
- Óootimo!, Obrigado pelo consolo. A voz de Jacobina sou irônica e duvidosa. Porém, lá no fundo, algo lhe dizia que Matias não estava mentindo.
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