Capítulo 2
AS Regras
“O incrível mundo dos sonhos pode nos levar a qualquer tempo e lugar,
trazendo à tona nossos desejos mais íntimos”
Todos já estavam dentro da casa. As regras eram poucas, claras e que a principio se resumiam em uma só. – somente há quartos sem cama ou sem colchão ou sem os dois, porem é pegar ou largar. Todos que se dirigiam a residência tinham pelo menos um motivo para estarem ali. Eram pobres. De alguma forma tinham conseguido passar na universidade mais concorrida da Bahia e que almejavam ascender socialmente as camadas mais altas. Após um processo de seleção que envolvia todas as provas cabais que atestavam realmente que um individuo era pobre e portanto sem condições de se manter sozinho para estudar . este individuo conseguia a uma vaga na residência.
A primeira visão que Jacobina viu foi uma sala, as paredes dela não se distinguiam muito das paredes do lado de fora, porém era menos deprimente. Jacobina notou que a sala era Ampla, com muitas cadeiras de plástico, velhas e quebradas, que ficavam em frente a uma televisão. A sala dava acesso a um corredor e a uma escada de madeira. Nas paredes do corredor havia portas algumas entreabertas onde se destacavam encima números feito de papelão.
Aroldo fez sinal pra o grupo. Todos se aproximaram dele.
- Bem, vocês podem escolher os quartos, mas a preferência é dos veteranos. Eu vou leva-los nos quartos que tem vaga, e assim agente vai distribuindo um a um.
O primeiro quarto ficava logo na entrada do corredor. Aroldo empurrou a porta. Um som gótico se fez ouvir. Uma fumaça escapou pela porta como quem já esperava por isto há muito tempo. Um cheiro característico de erva subiu. E um homem com a face de Jesus Cristo, barba trançada , short no joelho, com meias de cores diferentes em cada pé e dançado no meio do quarto olhou sorridente e disse : e ai doidos! entra aí.
Ficamos na porta. O nome dele era Macedo costa, ou simplesmente costa , como gostava de ser chamado.. Arnoldo adentrou dois passos no quarto. E ai costa tem vaga ai?
Costa se aproximou de Arnoldo, coçou o nariz, - Doido, tem uma cama ali, mas não tem colchão. É os calouros?
- É, fica quem? Disse Arnoldo
Costa se aproxima da porta. O grupo faz um circulo ao redor da porta. Jacobina se sente como se estivesse em uma feira de escravos onde o comprador escolhe a mercadoria pelos dentes. O quarto era deveras espaçoso. Tinha uma mesinha no centro uma geladeira duas beliches, se não fosse o som e a fumaça talvez este fosse um quarto ideal.
- Você faz o que? Perguntou costa apontando para cada um dos rapazes
Ciências naturais... engenharia... biologia... historia... letras... ciências naturais... direito... ciências sociais...artes plásticas...
- Doido, Já tava quase desesperado, só tinha curso chato, é você mesmo que vai entrar. Com é teu nome?
- Lourival
- Lourival, gostei, belo nome. Você disse artes não é? Pois, posso de chamar de Lourí? Beleza, eu faço musica Lourí, pode entrar, a casa é sua , quer dizer, o quarto.
Arnoldo sai do quarto e o grupo agora como oito pessoas o segue. E assim, foi em quase todos os quartos, bate-se a porta, uma figura exótica sai dela, escolhe a pessoa com quem vai se dividir o quarto pelo que ela faz na universidade e se segue até um outro quarto.
Agora restavam quatro pessoas, Nélio de ciências naturais, Matias de ciências sociais , Jacobina de biologia e Carlos Magno de letras.
Arnoldo bate a porta. Seguidas vezes, a porta não se abre. O som que vem de detrás da porta parece alto o suficiente para que a pessoa que está la dentro não abra. A musica parece ser de Ney Matogrosso “ loca, loca , loca ,loca, muito loooouca, muito louca” Arnoldo perde a paciência e grita – Ô Zéee!
O som abaixa, e um homem baixo, forte, com uma camisa amarrada com um nozinho na barriga, um óculos escuros enormes, e uma passadeira rosa, destas de prender o cabelo.
- Que é?
- Os calouros
- Merda! Ta manda qualquer um.
Arnoldo olha para trás. Todos os quatros dão um sorriso sem graça como se dissessem, e aí, quem quer ir?. Arnoldo observado a falta de coragem do grupo diz:
- Gente, este é o único quarto que tem colchão e cama, e ai quem vai?
Um silencio paira momentaneamente.
- Eu vou, fala Jacobina com uma voz relutante e insegura .
- Ta certo, boa sorte. Diz Arnoldo. E eles se vão.
Jacobina, os olha, nenhum pensamento o preenche neste momento. Apenas uma sensação de vontade, resistência. Afinal, um grande sonho sempre exige algum sacrifício - ele respira profundo, Abre a porta leeeentaamente e entra.
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