Para onde vamos amigos?




- Pois é forasteiro chegamos ao fim!
- Chegamos companheiro?
- Chegamos. E ao respirar  fundo agora  percebo que podemos finalmente ir.
- Mas ir para onde?
- Olhe ao redor forasteiro....
podemos ir para longe,
ir para africa ajudar os que tem fome,
ou para o interior da Bahia,
onde há mais de dois milhões de pessoas a baixo do nível da pobreza.
Mas se você quiser podemos ir para Paris, cidade da luz,
para onde sempre tive vontade de ir....
Ou podemos simplesmente ficar...
Ora, não importa para onde vamos,
o importante é que podemos ir para onde quisermos,
somos agora donos do nosso destino.
Fizemos uma boa escolha,
sofremos, lutamos e vencemos!
Merecemos agora o que tanto queremos.
- E o que tanto queremos companheiro, aplausos?
dinheiro? sucesso? fama?
- O que eu quero Forasteiro?...estudar, aprender, trabalhar,
trabalhar muito...
- Mas com que trabalha amigo?
- Trabalho ajudando pessoas...
as vezes salvando vidas...
e isto é o que eu quero fazer  o resto da minha vida...
Ser médico forasteiro...ser médico.

( Um abraço a todos os médicos e  queridos amigos que levarei no peito para sempre)

Att Helton Ojuara Magalhães

Capítulo 2 - O último luar : Parte 1


Linha Verde.  Noite.  Dentro de um poço em algum lugar  no litoral norte

          Antônio custava  a acreditar que estava lá. Jogado naquele poço. Jogado a própria  sorte.   Já havia gritado  tanto por ajuda que  nem tinha mais voz, só murmúrios.  O tempo passara rápido e uma pequena parte da lua se mostrava pela  boca do poço... Uma  nesga de luz que entrava  e deixava tudo dentro dele meio cinza. 
         As pedras  cobertas de limo, a água escura e salobra.  Alguns objetos sem forma boiando, Indistinguíveis.  Sobre a água  exalava um mal cheiro insuportável. Que cheiro horrível.  Antonio somente se lembrava que  estava no lugar errado, na hora errada. Um mal entendido e pronto. Agora estava ali.  Lembrou que  ainda andou um bom pedaço dentro da mata. Encapuzado. Com as mãos amarradas. Os homens,  vez por outra, falavam que ele iria pro buraco. Nessa hora teve a certeza  que não fosse chegar vivo até  o cair da noite. Depois pararam, desamarram a sua  mão. Pensou em ficar em silêncio e sentir  a morte chegar  rapidamente através das balas. Mas não. Não era isso.  Disseram: não era  pra ser você, seu burro! não era você. Deram um golpe no seu estômago.  Antônio curvou o  corpo com a dor. O ar lhe faltou naquele momento.  Nem  recuperou-se  da  punhalada  e  o jogaram   para baixo dentro de um poço. Depois de um breve momento suspenso no ar, sentiu bater em algo, era água. Tirou o capuz e agora estava lá. Entregue a própria sorte. Ainda sentia a dor na barriga. Isso já faz  quase  duas horas. Mais a dor ainda o incomoda.   Segurava-se o quanto podia dentro do poço mal cheiroso. As pedras eram escorregadias.  Conseguiu agarrasse  apenas em algo que  se parecia com  um cano. Existia  muitos dentro do poço, cada um em uma altura. Pegou  uma  manga  da camisa  e a   escorou nesse cano. Isso o mantinha suspenso na água. A  idade não lhe permitiria se manter boiando tanto tempo. É verdade. Cinqüenta e sete anos e ali. Dentro do poço. Ora ou outra sentia que havia insetos ou algo parecido ali. Grunhindo,  passeando entre os canos,  sob as pedras da parede do poço. 
...
( continua...)

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