Em Busca do Último Beija-flor Azul


Em Busca do Últmo Beija-Flor Azul

Por Helton Ojuara







O Acordar da Tempestade


Quando amanheci ontem,
Em um terreno arido como  a de um leito de um rio seco,
Nao lembrava que outrora  havia muita água,
Tinha acordado de uma escuridao sem fim,
E abraçado a lage fria do meu túmulo,
Eu estava morto...

Mas as lembranças resurgiram,
Como as  primeiras gotas grossas de uma tempestade,
E Chovia muito.
O barulho da chuva  estralando sobre o piso,
Empurrei  com a  força   de um coração que nao existia,
E o mármore frio se moveu,
O suficiente  para renovar meus pulmões,
Eu estava morto...

Agora a  pouca luz que havia,
Enegrecida pelas nuvens do esquecimento
Ardiam meus olhos...
Como  arde os olhos de um bebê que  nasce  novamente
Tudo turvo
As ideias...
Os sentimentos,
Que sentimentos?
Estava vazio... oco...
Algumas lembraças perdidas no meio do nada...
Nada mais.
Eu estava Morto.

Olhei para o horizonte...
Respirei fundo,
E sai do meu túmulo.
Cravei os pés na terra elamecida da vida...
Ergui meu corpo magro e  desvanecido pela morte...
E mundo era escuro, sombrio e cinza....
Mas agora... eu sei
eu estava novamente vivo...
E ninguem mudaria isso.










Casa de Barro

Após andar horas e horas por uma mente pertubada,
Parei e entrei na primeira lembraça velha que tinha,
Uma casa de barro  suja e abandonada,
Com o ar bucolico da roça.

Na verdade nao era suja...
Bagunçada seria a palavra mais correta...
Muitas memorias jogadas ao chao...
Espatifadas, estilhaçadas, despedaçadas...

Não conseguir ver o que era...
Quem eu fui?  quem eu sou?

Abri a porta da casa lentamente,
Um nesga de luz entrava pela frestas da janela,
E morria sobre uma mesa de madeira empuerada,
Um copo de vidro vazio sobre ela.

Na parede uma foto antiga,
Daquelas pintadas a mao,
De um homem que eu nao sei que é...

A casa era pequena apenas tres comodos,
Cozinha e sala se misturavam,
Dois quartos menores.
Não havia moveis,
Estava vazia,
Apenas a mesa,
E um fogao de lenha apagado,
Sem cinzas, sem marcas de fogo,
Ou de vida....

Talvez esse fosse eu hoje...
Vazio, bagunçado, apagado....
Caminhemos....
Não há nada aqui para se ver que valha perder o tempo...





 


O silêncio
Vaguei depois por algumas terras
Desertas , aridas e frias...
Um céu escuro  cobria todas as minhas ideias
E lá em cima...
Um mar de estrelas...
Pensei:  bonitas.. pena  que a maioria ja estejam desaparecidas
São estrelas mortas....
Apenas luz que não se extinguiu ainda....

No fundo ,no fundo,
Tudo lembrava apenas uma noite de silêncio,
O vento era silêncio
O Frio era silêncio
Até meus pensamentos emudeceram...

De fato só conseguia ouvir   o meu coração...
Volta e meia uma batida eterna....
tuummmmm
 ...
tuummmmm
....
Tão solitario...
Tão triste....
 ...
O céu estava escuro e cheio de estrelas....
E eu estava tão vazio e sozinho
Como as estrelas   que vejo mas que não mais existem...
 ....
Tudo era silencio.. mas também  podia ser solidão.
 


 ***



Sozinho

Hoje estou triste...
Derrubado como um coraçao abatido  por um tiro.
Cancei de procurar por mim mesmo.
Sentei as pernas cançadas no chão...
Atras de mim um terminal de trem abandonado.
Trilhos vazios
Um horizonte vazio.
Pensei:
- sobraram apenas vestígios de  alquem que nao existe mais.
Terra seca arida e sem vida.

Onde está o amor?
Onde está o Poeta?
Respirei fundo.
Queria voltar pra casa..
Mas não há casa..
Estou sozinho agora...

Um mundo inteiro.
Seis bilhoes de pessoas...
E apenas eu vivo nele somente
O mundo  inteiro
é como  esse terminal.
Sem um Trem
Ele é só mais alguem vazio e abandonado.
...
Hoje estou profundamente triste deverás.



Helton Ojuara.






Desistir Nunca.

Caminhei sobre  a areia fofa e vermelha,
Desta estrada cheia de pedras que se diz ser minha memória...
A muchila pesada...
A roupa e o rosto coberto de poeira...
Há quantos dias caminho?
Destampei o  cantil,
E bebi tudo o que me restava,
Estava seco...
Seco de  esperança,
Seco de  sonhos...

O sol ardia forte..
Todos os horários do dia  sempre era meio dia....
Olhei para os dos horizontes do caminho....
E nada.... um vasto vale seco e desértico...
de um lado e do outro uma montanha quase intransponível.

Gritei.... Oolaaaaaaaaaaaaa!!!
Mais alto:
Ooolaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!
Mas nem um eco como resposta tive...
Devia desistir...
Parar de lutar..
Aceitar a invitabilidades dos fatos....


Coloquei a mão na cintura,
Baixei a cabeça,
Meerrda!
Odeio xingar...
Mas não  sou de desistir.
Nunca fui....
Sinto muito...
Não desistirei desta vez.

Aprumei  a mochila nas costas
E voltei a andar...
Que venha  os dias....
Vamos viver e ver o que acontece.


 

A beira da Montanha


Parei em frente a uma montanha...
Alta demais,
Ingreme demais,
Demasiadamente difícil.
Como quase tudo na vida.

A noite ja se fazia querer está  presente.
Resolvi descançar ...
Acender o fogo para espantar o frio..
Da noite,
Não de mim...
O que gela por dentro não se aquece com nada.

Seria mais fácil desistir.
Para que avançar?
Nem sei o que tem do outro lado...
 Um vale perdido
Com uma floresta e um lago encantado?
Porvavelmente não ...
Nada na realidade é assim...
Nada é tão belo...
A beleza de algo está no coração de quem ver.
 E nem sempre  vale a pena...
O que me fez lembrar se  tudo vale a pena
Quando a alma não é pequena?
A resposta de cada um é a resposta de cada um.

Algumas tentativas,
Assopros e faiscas em galhos secos amontoados...
Que se faça Luz.
Voltei a idade da pedra..
Feliz por um momento.
Aquecido agora  talvez...

 Mas assim que o  fogo bradou,
Vi o  quanto era  Fraco,
Mal aquecia,
Mal se manifestava...
Fogo frio.
Iria apagar antes de terminar a noite.

Apenas  uma penunbra se formava,
Balançando com o vento,
O que me fez pensar
Queria escrever hoje algo poetico...
Mas estou cansado,
Preciso dormir.

Nem sempre podemos ser poéticos,
Nem sempre podemos ser românticos...
Ser  apenas  Ser,
As vezes é o suficiente.
Respirar, sentir... dormir.
Amanha penso na montanha.
Hoje queroj Paz.

Recostei a cabeça sob a muchila e apaguei.

Helton Ojuara.











Pedra gigante

Acordei.
E jurava que havia em algum lugar
Um ar condicionado gigante.
Mas não havia nada.
Alem de uma montanha gigante
E muito frio.
O fogo ou a  fogueira da noite anterior
Teimava resistentimente em se manter acessa.
Fogo constante que queima.
Como uma vida   que nao quer ir.

Acordei,
E não tinha fome .
Nunca tenho.
Vazio como sempre.
Sacudi a poeira.
Muchila nas costas,
Resolvi encarar a montanha.
Pedra gigante no caminho.
Deixei  a fogeira   e todo o resto para trás .
Sair pensando se ela se  apagará um dia
Ou se continuará a queimar para sempre.
Então lembrei que nada é para sempre.
Talvez eterno só os sentimentos
Que morre com agente.

Talvez.
Mas agora havia uma pedra no meu caminho.
Uma pe


Helton Ojuara




O Musgo

Difícil pensar ...
O ar rarefeito da montanha  me deixa lento.

Pensamentos lentos...
Vou subido passo por passo,
Uma trilha estreita cheias de pedras...
Nem olho para tras...
Uma ramagem pequena  forma um corredor,
Um caminho de pedras de mato...
Duro, invisível... subindo sempre pro alto.

Minhas pernas doem,
Me carrego com dificuldades,
Algumas flores  deixam o caminho mais suave...
Mais suportável.
Mas nenhuma é a flor que eu quero.
Então continuo subindo.

Escrever é dificil.
Pensar é dificil.
Apoi-me em uma pedra.

Vejo com ela é é fria.
Sem vida?
Se tudo que tem alguma energia tem vida....
Entao  uma pedra também tem.
Justo.
Justíssimo.

Mas na pedra,
Se olharmos direito há um musgo,
Que tenta brotar sabe Deus lá da onde,
Surgindo do nada,
Prenchedo um vazio com algo.
Preenchendo  o algo com uma tentativa de vida.

Musgo fino e fragil,
Presistindo em nascer de uma pedra quase sem vida.
É quando penso nessas coisas que desistir se torna mais difícil.
E contínuo a andar.



Nuvens Negras no Céu

A caminhada mal começou,
E eu pressentir que havia algo estranho no ar.
Olhei  para o céu e  vi nuvens carregadas...
Negras
Cheias de Tristeza  e rancor.
Mais do que isso,
Existiam   nelas idéias contrárias as minhas.

Acelerei o passo,
Tentei adivinhar
O desejo que elas possuíam em chover..
Chover não - desabar,
Assim  percorrer  uma trilha de  pedras escorregadias
Em uma montanha alta,
Deixava de ser algo  cansativo,
Para se tornar algo potencialmente perigoso.

Não sei  se pelo ar escuro que essas nuvens deixavam  no ambiente,
Ou se pelo clima pesado que as futuras lágrimas,
Gotas das nuvens que se seguram  no ar,
Não sei pelo que mas lembrei do dia da minha morte.
Da dor ao morrer...
Ou do meu ressurgimento,
Nascer e morrer dói do mesmo jeito.
Choramos do mesmo jeito,
Motivos diferentes,
Dores iguais.
Cada dor causando estrago em algum lugar...

Nem bem terminei o pensamente e as primeiras gotas rasgou o céu...
E  se estatelou no chão seco da montanha.
E em segundos,
Como uma manada que estoura,
A Tempestade chegou com tudo.
Força e barulho,
Me fez sentir frio, dor, medo ..
Tudo ao mesmo tempo.

Procurei proteger os olhos,
Olhar perdido  em algo,
O mato que desenhava a trilha do caminho,
Também não se  conteve,
E deitou no chão graças ao vento  Trazido pela chuva.

Tudo parecia tão triste...
Mas Mesmo assim tentei continuar..
Era preciso continuar...
Queria muito,
Almejava muito,

Mas como em uma peça de  Moleque,
A  vida também me pregou  uma.
Escorreguei...  senti o corpo  lutar contra a gravidade...
Inútil Lutar contra a natureza,
Queria me lembrar de mais alguma coisa...
|Mas nos momentos  que se seguiram,
Tombei no chão,
 E golpeei com toda ferocidade  minha cabeça contra  a rocha.

Maldição.

Queria  dizer que sentir dor...
...
Novamente..
Mas como não tinha mas nada a perder...
Senti apenas uma paz...
E tudo escureceu junto com as nuvens do céu.

Helton Ojuara


 

Ter Paciência.

- Acorde!
- Acorde!

Uma ducha de agua gelada conectou  meus sentidos,
Senti engasgar ...
Então acordei da escuridão.
Uma imagem  borrada e alguem bem velho  se formava com dificuldade.
No fundo um Céu verde...
Um cheiro de relva e mato molhado.
Sentei...

A cabeça doia ... um tambor no juizo..
Dum...Dum... Dum.
Queria  perguntar onde estava,
Mas o velho falou antes...

- Essas passagem dolorosas,
Sempre deixam as pessoas  assim
- bebadas da realidade.
Mas você vai melhorar meu filho.

Olhei ao redor.
Uma área plana... Uma grama violeta que se estendia por tuda minha visão,
Plantas... árvores coloridas ao redor.
Elas pareciam emitirem luz própria.

O velho sentou-se ao meu lado.
baixo, magro, cabelo e barbas brancas,
Um rosto seco,
Mas simpático...
Olhos grandes ... olhavam muito além de mim,

- Você está acabado meu filho..
Precisa se alimentar...
Para continuar  a jornada.


Olhei minhas mãos.... estavam sujas...
Como de um mendigo sem água...
Minhas raoupas eram as mesmas .. mais ainda mais sujas que minha roupa.
Passei minha a mão sobre  minha cabeça...
Não percebi nada diferente... nem um sinal da queda.

- Onde estou? estou morto?

- Morrer é uma palavra muito forte.
Mas a resposta é sim e não.
Você está onde deveria estar.

- Como vim parar aqui?

O velho ainda sentado olhou tudo ao redor,
Depois fechou os olhos.
E respirou profundamente.

- Saber como chegou-se  de algum lugar
É mais importante do que saber o  que  deve-se fazer no local da chegada?
Tenha paciência...
Tudo será respondido no seu devido  tempo.
Agora vamos nos alimentar...
 

Durante alguns minutos ponderei sobre o local,
Ponderei sobre o velho...
Mas minha mente parecia a de uma criança que acabara de Nascer,.
Só vultos... vagas memórias e uma fome incontrolável.

- Pensei que fossemos comer... não vejo nada aqui?

O velho imóvel.
Uma  paz  transcendia  do seu semblante.
Olhos cerrados.
Sorriu levemente.

 - Aqui  não comemos,
 Nem  bebemos nada.
Nosso alimento é anergia.
Energia  que emana das coisas que nos cercam...
De nos mesmos..
Dos nossos pensamentos...
Cada uma alimenta-se daquilo que merece.
Aqui meu filho,
O que vemos  e o que somos é reflexo de nós mesmo.
Sei que nao está entendendo nada.
Mas tenha paciência..
Paciencia é a primeira Lição a ser aprendida,
Tenha paciência e tudo será respondido.
Tudo  acontecerá no seu devido tempo.
Agora feche os olhos
Respire,
Sinta
E  alimente-se...

Fechei os olhos e uma fome enorme ainda me consumia por dentro.

Helton Ojuara.


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