Capitulo 2 - A Consulta: No Divã Da Loucura




Capítulo 2

“O animal com seis pernas mais rápido que existe é a barata”


Perturbado não seria a palavra mais correta para se usar quando se está em uma ala psiquiátrica do hospital, mas foi como me senti ao perceber que o homem que eu tinha certeza que estava morto agora estava ali, sentado , há alguns metros de mim. O choque foi tão grande que eu simplesmente não conseguia mais olha-lo. O meu corpo estava com uma trava meta-física.. Eu poderia conversar com todos na sala, olhar para quem eu quisesse, mas quando o meu campo de visão ameaçava ver o homem a trava invisível se fazia presente.
O homem começara a falar sobre a sua vida, sobre porque estava ali. Não que eu estivesse ouvindo, mesmo porque, além de não conseguir ver o homem, percebo que também não o escuto direito, como se as palavras estivessem embaralhadas - uma algaravia – mas sei que ele falava sobre a sua vida porque essa era a prática médica. Nós ainda quanto estudante aprendemos que ouvir o paciente é o melhor caminho. Só esquecemos isso quando ganhamos o carimbo de médico. De forma geral, um paciente é convidado pelo professor para nos expor sua vida com a garantia de que seu segredo morrerá conosco. Posteriormente, quando o paciente termina, e sai da sala, discutimos o seu caso no grupo, seu tratamento. Durante mais de nove mil horas de curso tentamos aprender medicina. Apesar de tudo isto é somente quando nos formamos que descobrimos que ainda não é o suficiente. O que Doutor.? Desculpe. Desculpe. Estou divagando. O que foi que o senhor perguntou mesmo? Sei , certo, sobre o que falou o homem? Sinto muito. Mas como eu disse estou quase surdo, Lerdo, até uma barata naquela sala teria o raciocínio mais veloz do que eu. Já lhe falei que odeio baratas? Tá, tá , vou voltar ao caso. Estou protelando, pois acho que é neste ponto que começo a ficar... perturbado. Eu não suportava ouvir a voz confusa do homem. Uma sensação angustiante foi crescendo em mim. Queria sair da sala de qualquer forma. O ar estava irrespirável. Levantei peguei o celular e fingir atender uma ligação, sair rapidamente da sala. Parei no corredor. Encostei as minhas costas na parede, queria raciocinar melhor, isto não poderia está acontecendo, havia algo de errado. Olhei o celular, na tela marcava SEGUNDA FEIRA?!, eu não acreditei, segunda? Não podia ser, hoje é terça. Aquele homem morreu na segunda. Hoje? Como seria possível? O meu corpo agora se escorava na parede, - a casa caiu. Eu já não sentia o meu corpo, quase tudo anestesiado. Foi quando uma mão fria e seca segurou o meu ombro, virei-me - dois olhos verdes penetraram em minha mente e tudo ficou preto.
...
-Jacobina?
Ouvi alguém chamar o meu nome?
-jacobina! Preste atenção.
A luz clareou lentamente a minha visão - estava sentado na sala novamente. Sentado. O professor falava algo. Tudo em minha mente estava meio que mergulhado em álcool. Foi quando percebi que ele falava de uma mulher de preto...
que tinha grandes olhos verdes...

1 comentários:

Bella Fowl disse...

Nossa, adorei! Forma de escrita que cativa, narração sensacional. Continue assim ^^

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