RRRRRUUUMMMM
Arrasta o ônibus a minha paciência
Voltei a escrever
E a cada momento me arrependo mais disto
Salvador é quente , úmida, suada e ignorante
Não digo na mente,
digo no espírito
Ignorante no sentido literal - ignorar – insapiência
Olho pela janela do ônibus
Para ignorar as pessoas que se apertam,
se espremem, no corredor
Mesmo porque o ônibus não tem apenas corredor
Tem porta , janelas cadeiras sala e cozinha
Tristeza , mau humor, e odor
Se na casa da mãe Joana em cada canto a um conto
No ônibus – sempre cabe mais uns a cada ponto
RUUMMRUMpstaaa
Olho pela janela para tentar ignorar a mulher que se pôs rente ao meu lado
Se há um sentido errante este é o olfato
E eu não consigo ignorar esse cheiro
Azedo
Cansado
E Pobre
Trabalhou o dia inteiro – ganhado a mais valia do burguês
Trabalhara ao chegar em casa - ganhando o labor do marido seu eterno freguês
E ao final de um dia de labuta
Dormira um sono profundo - ganhando o sono dos ignorantes
Não importa quantos dias se dobre
Ou quão mais duro seja sua vida arfante
Seu cheiro continuará
Azedo
Cansado
Pobre.
Ao menos achará que é feliz
Achará, apenas achará,
Porque saber que tem coração
Não significa necessariamente que tem alma
Estar nas trevas
Meu caro
É como viver na escuridão
Não se perde muita coisa
Porque na verdade nunca se conheceu nada.
(Continua próximo dia 02/12/2004)
Horário de Pico
10:57
Helton Magalhães
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